Por séculos, tratamos a natureza como uma ferramenta a ser controlada. Está na hora de mudar a lente e reaprender a conversar com ela.
Vivemos uma crise planetária que vai muito além de mudanças climáticas e questões ambientais isoladas. O problema está no próprio modelo de desenvolvimento que adotamos: um sistema que degrada ecossistemas, esgota recursos e trata a natureza como algo externo à humanidade.
Como lembra Edgar Morin, tudo está interligado por eco-dependência. Não existe apenas “uma” ecologia — há múltiplas “eco-logias” interagindo: ambientais, culturais, econômicas, políticas. Porém, sustentamos esse sistema com doses cada vez maiores de entropia (degeneração), acreditando que ela seja um “mal necessário”.
Ao longo da história, as sociedades arcaicas uniam o mythos (o simbólico, o espiritual) e o logos (o racional, o prático). Hoje, a ciência moderna separou o ser humano da natureza, instaurando monoculturas e eliminando a diversidade, como se fosse possível controlar a vida sem dialogar com ela.
A agricultura sintrópica, proposta por Ernst Götsch, resgata justamente esse diálogo — não no sentido de voltar ao passado, mas de reaprender a se comunicar com o mundo natural. O agricultor passa a ser mediador de relações entre espécies, promovendo cooperação e equilíbrio, e não imposição e destruição.

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